Ordo Fratrum Minorum Capuccinorum PT

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updated 11:54 AM UTC, Mar 20, 2024

A morte de Fr. Toussaint Zoumaldé

Na manhã de 20 de março, acordamos com a terrível notícia: Fr. Toussaint foi assassinado enquanto voltava ao seu convento de Baibokoum, Chade.

Fr. Toussaint era de alta estatura, uma palmeira da floresta devastada de seu país, a República Centro-Africana. Assim, à notícia, era como se sentisse no coração o estrondo e o barulho de ramos quebrados da grande árvore abatida sem razão.

Pere Toussaint Zoumald map Era jovem, Fr. Toussaint Zoumaldé, 47 anos completos em 2 de novembro, frade capuchinho desde 1994, sacerdote desde 2002. Nosso irmão era culto, tinha estudado Teologia Dogmática na Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma, tinha exercido por anos o ministério de professor no Etude Saint Laurent de Bouar, por onde passou toda a jovem Custódia Geral do Chade–República Centro-Africana. Foi também Prefeito de Estudos (2008–2016). De 2011 a 2016, o seu ministério dentro do Munus Docendi tinha se dilatado ao seu mundo africano. Da Rádio Siriri – Paz, a sua voz calorosa exortava, formava, promovia a dignidade do seu povo, permeando do Evangelho aquela identidade que o poeta próximo – Presidente do Senegal, Leopold Senghor, batizou com finíssima expressão: a négritude. Também a alma de Toussaint tinha se dilatado da cátedra à Rádio, da organização escolástica à poesia. Tinha composto canções. Transferido em 2017 ao Chade, em Baibokoum, tinha-lhe sido confiado o Museu da Civilização Mboum, fundado pelo saudoso Fr. Attilio Ladogana, e a pastoral juvenil: as raízes africanas a serem partidas como pão, junto com o Evangelho e os sacramentos da salvação, para os jovens rebentos chadianos. Tinha saído de Baibokoum para regressar a Bouar e animar um momento formativo para o clero da Diocese: uma bela festa de São José, a de 2019.

Toda essa beleza, a elegância natural de Toussaint, enriquecida pela fineza do Evangelho e pela unção presbiteral, não era conhecida pela mão covarde que o esfaqueou na noite do dia 19. Em viagem de volta rumo ao Chade, de ônibus, teve que parar em Ngaoundéré – Camarões. Encontrando hospedagem na Procuradoria local, disse ao segurança que guardava o portão que ia procurar algo para comer antes da noite. Não voltou mais. Encontraram-no por terra, sem vida, com várias feridas de arma branca no tronco e também nos braços, levantados certamente no ato instintivo de se defender. Jogada por terra a poucos metros do corpo, estava a carteira sem dinheiro, levado também o celular.

O Custódio Geral, Fr. Jean Miguina, foi recolhê-lo com os irmãos e o levou a Bouar. A palmeira caída foi deposta com amor no centro da catedral: o Bispo Miroslaw Gucwa presidiu a solene liturgia fúnebre. Todos choravam por Fr. Toussaint, o seu povo da República Centro-Africana, os frades, as religiosas de cada Congregação e as pobres irmãs de Clara, o Vigário Geral da Diocese de Goré – Chade, representando o Bispo Capuchinho, Rosario Ramolo.

A palmeira centro-africana foi colocada no cemitério conventual de Yolé, sede do seminário seráfico, cruzamento de estradas. Após o necessário silêncio, será narrada aos jovens aspirantes à vida capuchinha a história de Fr. Toussaint, o professor alto que compunha cantos e falava de Jesus no Rádio. E que seus cantos sejam repetidos pelas crianças e tragam anjos de paz às insidiosas estradas daquela região da África. Queira o Senhor perdoar a mão perversa que abateu a palmeira, sem razão.

Fr. Antonio Belpiede, OFMCap.

Pere Toussaint Zoumald map

Última modificação em Terça, 09 Abril 2019 20:55